17 de Abril

Caminhando e cantando

Esse triângulo, das “Bermudas” jamais, encanta e emociona, nos dá, até, coragem para seguir felizes mesmo em tempos tão difíceis.
 
 
PASSA E FICA
A cidade, que graças a Jacira e Ari França tem uma boulangerie maravilhosa, carimbada de Paris, mas com sotaque nordestino - e divino - tem, ainda, o melhor croissant do mundo!
 
Meu Deus: como tudo ali é infinitamente especial. 
Na massa eles carregam amor, fermentam tudo com muita esperança, esse fervor que tanto nos falta na vida.
 
Como nos emocionamos com a companhia de dança Macambirais! Que trabalho lindo, devotado, apaixonante.
Eles dançaram por sobre o “tablado” do lindo hotel Pedra da Boca.
E encontramos e nos apaixonamos pelas rendeiras do Frivolitê.
Meu Deus: que trabalho lindo, quanta dedicação!
 
Um beijo, afetuoso então, para todas as meninas. Um beijo afetuoso também para a casa do artesão da cidade de Passa e Fica.
Amamos!
 
ARARUNA
Aí caímos em Araruna!
Como foi bom encontrar Wellington Rafael. Que rapaz inteligente, sabedor do seu ofício, das dores e dos sacrifícios vividos por sua terra. 
Como foi bom ouvir suas explicações. 
E como foi bom passear pelos seus caminhos. 
Que lugar encantador!
 
Araruna tem muito do Brasil vitorioso.
Desde Pereira da Silva, e o pobre negro homem paraibano, primeiro imortal da Academia Brasileira de Letras. 
Aliás, Araruna deve a Pereira da Silva um museu. 
 
Falando nisso: o Museu deixa muito a desejar, apesar da ideia. incrível, de tê-lo funcionando no antigo Mercado Público.
 
Mas...
Como essa cidade nos leva à cultura, ao respeito as tradições e as raízes da sua gente.
 
Araruna é um exemplo.
De como as igrejas devem ser preservadas. 
Apesar de termos encontrado absurdos feitos por padres que passam e levam o seu mau gosto a muitas paróquias das cidades nesta terra de meu Deus, Araruna preserva muito do seu passado. 
 
Não se tinge, tampouco de tons e cafonices - e nem de dourados - as suas igrejas, suas tradições. 
 
E isso é muito lindo de se ver. Porque a história a gente não mexe. 
A gente não modifica cores. 
A gente não faz arabescos onde não existia. 
O nome disso é respeito à história- mas também é bom gosto.
 
Pedra da Boca: que parque incrível!
Natureza e Deus em perfeita comunhão. 
A gente caminha por entre suas pedras e dispara o nosso coração.
 
Fazenda Machiné - oh dor!
Uma das maiores dores dos nossos caminhares por aqui chame-se Fazenda Machiné.
Coberta por histórias de senhores de engenho, uma certa fidalguia e triste escravidão, da casa grande à senzala ruínas, abandono, chão.
 
Por várias vezes o poder público tentou comprar a propriedade, mas não deu certo.
 
De certo, na fazenda que carrega muito da história da cidade de Araruna, o tempo perdido, a certeza da história vencida, o gemido da escrava morta na fervente água derramada no seu ouvido.
Rangido da velha mesa, vento, erosão.
 
Fazenda Machiné, 1891.
 
 
SERRA DE SÃO BENTO
Como eu amo esse lugar e como eu faço meu coração feliz cada vez que me encontro ali.
 
Como a serra é linda, dona de um povo acolhedor, carregado de afeto e de esperança no olhar. 
 
É sempre muito bom seguir seus caminhos, o canto dos seus passarinhos, deixar a emoção entrar.
 
Na igreja matriz, descaracterizada, onde fui pessimamente recebido, um encontro com a fé; bem como na capela medieval, linda, lá no Sítio Jucá.
 
O turismo precisa ser infinitamente mais acarinhado nas terras de São Bento.
 
Nós nos deparamos com algumas pessoas totalmente inábeis, grosseiras até, mas que não tirarão jamais o meu amor por esse lugar.
 
Que ganhou o meu coração na incrível coleção da Daya, de Graça Rodrigues, anos atrás, quando minhas fotografias estamparam uma grife inteira.
 
Aliás, senti falta daquelas camisetas com as estampas de todos os lugares ali retratados por mim.
 
O clima bom, hotéis e pousadas maravilhosos, amor e afago por muitos lugares.
Como o Villas da Serra!
Meu Deus: como amo esse lugar!Cravado por sobre rochas, desenhado pela excelente Viviane Teles, a pousada é o meu amor. Ela e Margarida Ramalho, linda, gentil, flor.
A comida está excepcional no seu restaurante. Adriana Barros comanda panelas e temperos maravilhosamente bem.
 
 
Foram momentos inesquecíveis. Mais uma vez inesquecíveis. 
 
Já marquei outra volta para o mês que vem. 
Por mim eu viveria ali.
Fazendo zoada, tentando minhas poesias, vivendo de névoas.
 
Parabéns por todos aqueles que lutam por suas gentes, que plantam sementes do amor, que respeitam o turismo como um caminho infinitamente responsável por dias melhores para as suas serras, as suas terras, progresso - e mesmo em meio ao clima ameno - muito calor.
 
 
 
Chrystian de Saboya

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